28.4.11

Quase um hino a outro você

A ti eu posso confessar, só a ti. Na verdade, quero acreditar que só a ti, devido a distância, devido a sua sabedoria, devido à confiança que tenho. Confiança não, vai muito além disso. Ouvindo minhas palavras, talvez você me suponha tola demais por confiar tanto assim em alguém a ponto de irrefletir, a ponto de poder seguir à risca qualquer coisa que me dissesse, a ponto de acreditar piamente - ainda que esse alguém fosse você. Desculpas, perdoe-me a tolice, mas é que, vez em quando, é preciso confiarmos nós mesmos a alguém que não seja nós, a alguém que seja outro. No caso, a alguém que é você.
É, talvez, porque eu te quero ser que me dirijo a ti. É também, porque tu és o único que pode ser juiz de mim, por mais impiedoso, e é talvez por saber que, apesar de qualquer carinho que me tenhas, serás impiedoso, porém justo.

Então, responda-me, porque é melhor viver do que não viver? Eis minha questão, embora esse viver tenha, para mim, sentido avesso.

A questão mais direta seria: as pessoas percorrem o caminho que querem, o de traçar sua vida profissional, de correr atrás de títulos e títulos e títulos (o viver). Talvez eu me ache burra demais pra percorrer tal caminho, talvez eu me perca demais nesse caminho. Meu sonho seria tão outro, meu sonho seria, talvez, tão mesquinho: eu queria o saber sem ter que corresponder, eu queria a liberdade de quem não sabe, eu queria uma vida leve, uma vida de cuidados e sem tédio. Queria uma casinha simples, umas coisinhas bem simples e muita imaginação e tempo pras minhas imagens e ações. Um tempo que ninguém mais tem, isso eu queria! Talvez, não fosse nada mesquinho esse meu sonho.

E, então, o que vale mais?

Fico por aqui com minha dúvida mesquinha e te mostro minha grande miudeza, pra você me confortar ou, ao contrário, me pôr em frente ao espelho pra que eu mesma, eu mesma, faça alguma coisa por mim. Nem que seja rezar - isso eu sei que não aprendi contigo, contigo aprendi a apostar! Mesmo assim eu rezo. Eu rezo a você, eu rezo a você como se fosse o meu deus e me pudesse ouvir mesmo de longe e me pudesse consolar. Mas, sei que não queres ser deus de ninguém, porque tu estás para trazer inquietações.
Agora percebo que estranho pedir certeza a alguém que está para trazer incertezas. Mas, talvez, apenas você seja capaz de me quebrar para que eu me reconstrua.

Uma saudade.
(05/04/2011)

Obs: Talvez minha reza já seja uma aposta, antes eu nem rezava a ninguém!
(28/04/2011)

Nenhum comentário:

Postar um comentário