29.9.14

Esta vida é uma danada:
Dá nada, dá nada
Quando a gente pede tudo
Dá tudo, dá tudo
Quando a gente pede nada
Deixei meu riso atravessar estas estradas
Fui te encontrar
Saí do rio, correndo ao mar,
Ser teu litorâneo,
Te mergulhar.

Fui em fotografia, palavras e miudências
E, espero que
A pequeneza que levo
Não se converta em pretensão

Se eu te vou em fotografia
É porque antes
Te queria um pouco mais perto
E adoraria receber um riso teu aqui

E, caso a música que me guia,
For demasiada para ti
Não me julgues imprudente
É que no infinito em que nos encontramos
Pude nos reconhecer

Eu queria alguma coisa tua, preu abraçar
Pra colocar junto a mim durante o sono
Pra materializar um pouco tua presença
Me afastar um pouco dessa ausência que me transtorna

Eu nunca entenderei essa vida
Nunca entenderei porque as coisas chegam
Se logo voltam a partir.

Manda apenas teu endereço
Vai que dia desses apareço
Feito carta pra te fazer sorrir.

Tu, a essa distância, me faz poesia Abstrata
Poesia Concreta me fazias tu em companhia
Quando rias e olhavas e sentias

Corpos nus
Os nossos
Tais como as caras-ossos
Cheias desse amor de não saber de onde
Nem pra quê

De só saber viver
Para ir aos lugares e executar as tarefas diárias não necessito de vontades, tão somente necessito daquilo que já tenho: pernas e braços.

21.9.14

Confins (Ao Diogo)

LÁ nos confins, na terra que, pra mim, inda se desconhece,
Longe (diante dos pertos da minha cidade)
Surpreendo-me com os caminhos achados,
Pelo mapa traçados nos andares dos pés.

Meio a esses caminhos - sós e acompanhados,
Entrei em rota que era também tua
Nos re-achamos no desalinhado
Ir e vir dos lugares e ruas.

Passado evocado
No tamanho presente de estar ao teu lado
Com a afinação percussiva
De um tambor ecoado.

Vi que na tua parede continua pregado, 
Dos tempos passados,
Um livre sorriso da boca e dos olhos
Que o tempo não corrompeu.

E, nas minhas paredes, 
Cá estão grudados
Os teus lindos sorrisos
E teus olhares achados,
RÉ-encontrados no caminhos dos meus.

8.9.14

Toda doçura e toda loucura me sai pelos olhos
Toda espera e também desespera me sai pelos olhos
Toda admiração e toda inveja me sai pelos olhos
Força e fraquezas me saem pelos olhos
Inspiração e violência me entram pelos olhos
Beleza e enxaqueca me entram pelos olhos
Quem não me quiser inteira, não olhe bem nos maus olhos

4.9.14

Desaproximações

Eu morri a natureza em mim
Eu morri
Fui me desaproximando
Das árvores de mim
Dos pássaros
Dos pântanos
Das cobras
Cor-ais

Coberta de cimento e concreto
Matei a natureza de mim
E, dela distanciada, assim
Nem escuto
Nem vejo
Nem sinto
Os gritos daqui

Ao João Carlos Sampaio

Imaginava ir até Salvador, pra um show da Marcia Castro, ainda esse ano. Imaginava encontrar você por lá, não no show (talvez, até), mas na cidade. Quem sabe até aceitaria teu convite para hospedagem. É João, foi muito efêmero nosso encontro, assim como o é a vida. Mas apesar de tão rápido, sinto certa eternidade de lembrança... você me falando da tua infância e teus gostos pelas raízes. Abraço, João, na imensidão do céu onde você se encontra!

Silêncio Danças Palavras

Nasci no Silêncio
Me criei nas Danças do corpo
Gozo e morro nas Palavras