26.12.10

Cala-te! Não me reveles nada. Resigne-se a falar coisas triviais. Estou aqui para compartilharmos nossos corpos e só. O corpo é o único meio para que eu te atinja, por isso minha entrega é total. Se peço para que te cales é porque tu me atinges não apenas no corpóreo, tu me atinges além: no anímico. As histórias que tu contarias certamente me a-tingiriam como insultos, pelo fato de que elas não seriam minhas e porque haveria nelas outros personagens e outras vozes.
Cala-te! e vamos vivendo a experiência entre corpóreo, buscando esse caminho para minimizar nossas distâncias, porque de outro modo não sei me aproximar e suportar a aproximação.
Cala-te! - seria sádico de tua parte fazer ruídos outros além de gemidos e palavras triviais. - Ruídos outros me roeriam!
Cala-te! para que eu não fique em desvantagem tanta.
Cala-te! porque o único meio além do corpo é o silêncio. E, se não suportares silenciar por muito tempo, diz uma frase trivial, mas sem qualquer trivialidade, diz que me ama!

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