Cala-te! Não me reveles nada. Resigne-se a falar coisas triviais. Estou aqui para compartilharmos nossos corpos e só. O corpo é o único meio para que eu te atinja, por isso minha entrega é total. Se peço para que te cales é porque tu me atinges não apenas no corpóreo, tu me atinges além: no anímico. As histórias que tu contarias certamente me a-tingiriam como insultos, pelo fato de que elas não seriam minhas e porque haveria nelas outros personagens e outras vozes.
Cala-te! e vamos vivendo a experiência entre corpóreo, buscando esse caminho para minimizar nossas distâncias, porque de outro modo não sei me aproximar e suportar a aproximação.
Cala-te! - seria sádico de tua parte fazer ruídos outros além de gemidos e palavras triviais. - Ruídos outros me roeriam!
Cala-te! para que eu não fique em desvantagem tanta.
Cala-te! porque o único meio além do corpo é o silêncio. E, se não suportares silenciar por muito tempo, diz uma frase trivial, mas sem qualquer trivialidade, diz que me ama!
26.12.10
21.12.10
Teatro-íntimo
"Fugaz! tão fugaz e tão intenso, que é um prazer-dor, porque após o pico vem o esvaziar."
Ana Cristina Colla falando sobre o estar em cena, momento em que consegue unificar o 'ser' e o 'estar' e passa a "SERESTAR"
Ana Cristina Colla falando sobre o estar em cena, momento em que consegue unificar o 'ser' e o 'estar' e passa a "SERESTAR"
17.12.10
Na verdade eu acho que sei o que eu quero. Eu queria mesmo era me servir e não servir ao mundo. Eu queria sim dizer que sou egoísta e burra - isso me libertaria de tantas coisas, tantas. Eu queria fazer como todo mundo quando pretende mudar. Eu queria romper brutalmente, cortar todos os laços, todas as ligações, pra me ser de outra forma. Uma forma que só conheceria decisivamente na práxis, pois idealmente nunca alcançamos nada. Só vivendo alcançaria isso.
Então, deixo aqui o meu fracasso, porque querendo mudar, não sei romper se não for para romper com tudo, contudo, não disponho da coragem necessária a esse rompimento.
Então fico assim: uma quase vitoriosa aos olhos de muitos, mas não aos meus; querendo ser vitoriosa aos meus olhos e só aos meus.
Então, deixo aqui o meu fracasso, porque querendo mudar, não sei romper se não for para romper com tudo, contudo, não disponho da coragem necessária a esse rompimento.
Então fico assim: uma quase vitoriosa aos olhos de muitos, mas não aos meus; querendo ser vitoriosa aos meus olhos e só aos meus.
É que me angustia e me fere saber que não entro nos teus planos, que o tempo destinado a mim na sua vida é pouco, é aquilo que sobra, é o resto. E me dói mendigar tanto. Dói perceber, quando comparo com o meu tempo de doação a ti, que aquilo que me doas é nada, é somente o resto. Dói que tu não destines a mim um tempo que não seja mera sobra. Dói.
16.12.10
5.12.10
Se a cada dia, eu beber um pouquinho de sol, terei mais chama para alimentar o meu dia seguinte - e vai valer a pena ter vivido, porque o sol não é algo que se dispense.
E cada dia - pode ser até metade de uma gota - terei que beber um pouquinho de sol. E ir me enchendo; me enchendo de chamas.
"Se cada dia cai, dentro de cada noite,
há um poço
onde a claridade está presa.
Há que sentar-se na beira
do poço da sombra
e pescar a luz caída
com paciência."
Pablo Neruda
"Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive."
Fernando Pessoa
E cada dia - pode ser até metade de uma gota - terei que beber um pouquinho de sol. E ir me enchendo; me enchendo de chamas.
"Se cada dia cai, dentro de cada noite,
há um poço
onde a claridade está presa.
Há que sentar-se na beira
do poço da sombra
e pescar a luz caída
com paciência."
Pablo Neruda
"Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive."
Fernando Pessoa
3.12.10
Agora imagina se tu tivesses que passar toda uma vida a escutar uma única música. Todos os momentos - os alegres, os tristes, os indiferentes, os tantos outros - haveriam de ser preenchidos com a mesma trilha, uma única música. Pensa em quanto amor deveria existir em ti pra se maravilhar com os mesmos repetidos acordes, com a mesma repetida melodia, com o mesmo repetido ritmo e a mesma e repetida voz. Pensa em todo exercício que terias que fazer para que tua música não te matasse de tédio e angustia e horror. Para que aquilo a que antes chamava salvação não se transformasse no pior dos teus tormentos.
Mas pensa que diferente (na ausência de melhor palavra) seria converter seu tormento em amor. É o mais autêntico amor saber cultivar uma mesma música pela eternidade.
Se eu for capaz um dia de viver com essa música única, poderei dizer majestosamente que sou sobre-humana e gritarei sem temer: "O MEU MUNDO É INCORRUPTÍVEL!!" Saberei gerar, daquilo que aparenta não ter mais vida, o encanto e o espanto para viver.
Mas pensa que diferente (na ausência de melhor palavra) seria converter seu tormento em amor. É o mais autêntico amor saber cultivar uma mesma música pela eternidade.
Se eu for capaz um dia de viver com essa música única, poderei dizer majestosamente que sou sobre-humana e gritarei sem temer: "O MEU MUNDO É INCORRUPTÍVEL!!" Saberei gerar, daquilo que aparenta não ter mais vida, o encanto e o espanto para viver.
Niguém me entende por que eu sou feita do ontem, e vivo na pós-modernidade. Minhas ideias são ideias ultrapassadas, são pensamentos que já foram superados. Vivo com as ideias agora ultrapassadas daqueles que já estiveram à frente do seu tempo. Vivo de ideias antepassadas nesse mundo futurista e não há lugar. Não há lugar para o retrógrado. E o pior de tudo: Não sou tão urgente quanto o mundo e sei: Não o alcançarei.
Alguém vivendo de anteontens num mundo em que se vive de depois-de-amanhãs.
Alguém vivendo de anteontens num mundo em que se vive de depois-de-amanhãs.
O Vazio
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