19.8.14

Para quando eu morrer

Dos desejos que se tem em vida para a própria morte:

Quero que me toquem fogo!
Quero queimar, arder
Quero um instante rápido de transformação:
Do peso ao pó
Quero, depois de morta,
Não ocupar nenhuma terra, terreno algum
Nem estar presa dentro de uma caixa sufocante
Nem servir de alimento aos vermes
Desesperadamente anseio que me lancem nos ares
E eu possa voar
Me ajuntar ao chão de terra ou ao chão de água
Me dispersar multiplicando-me em partes
Já estive guardada muito tempo durante a vida
E meu trajeto tem sido um constante lançar-se
Pois que minha morte seja o auge do lançamento
Nessa dor da transformação imediata
Quero, na morte, mais um pouco da efemeridade da vida
Acendo-me em chama. Apago-me. Disperso-me.

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