Eu não tenho medo de não ter
Dinheiro para comer
Casa para morar
Roupa para vestir
Eu não tenho medo de morrer
Da falta de matérias necessárias
A fome, a estrada, a nudez
Também fazem morada
20.2.14
16.2.14
14.2.14
Sobre tudo o que não fui e sou
Eu sou uma dança
Na partida e na chegada eu inexisto
Só sou quando
Acontece a dança
Aí estou
Aí concretizo-me, multiplico-me, intensifico-me
Eu sou uma dança
Só aí alço voo,
Passarinho-me no ar do chão
Na partida e na chegada eu inexisto
Só sou quando
Acontece a dança
Aí estou
Aí concretizo-me, multiplico-me, intensifico-me
Eu sou uma dança
Só aí alço voo,
Passarinho-me no ar do chão
12.2.14
Ele dizia que gostava de igualdades e simetrias. Daí que eu tinha um peito maior que o outro. Ainda assim ele acabou ficando; depois de tempo é que partiu. Partiu do seio pras pernas, das pernas pros joanetes, daí subiu pros olhos, reparou nos lados da boca sorridente, "diferentes!"; no ombro notou a tortidez da coluna em S: "es-co-li-o-se". Deixou-me."Torta!" Alegava-me...
8.2.14
Descosturas
Vou cortando os fios traçados à agulha
Desfazendo as costuras
Apagando a memória do tecido perfurado.
Corto o lugar do nó
Puxo o fio
Que abre espaço para o vazio no tecido
São furinhos de nada aquilo que fica
Mas distorcem o tecido
E deixam-no com aberturas de respirar
E de entrever o lado em que não se está.
Cada furo é abertura pra saudade e pro futuro.
Desfazendo as costuras
Apagando a memória do tecido perfurado.
Corto o lugar do nó
Puxo o fio
Que abre espaço para o vazio no tecido
São furinhos de nada aquilo que fica
Mas distorcem o tecido
E deixam-no com aberturas de respirar
E de entrever o lado em que não se está.
Cada furo é abertura pra saudade e pro futuro.
6.2.14
Adoecida
Adoecido o pensamento
Está infectado de desesperança
Não sonha, nem crê
Apenas pesa todo ele
Mas em dado momento
O pensamento infectado torna-se febril
Quer queimar todo aquele peso que está nele
E aliviá-lo
Eis que sobre o corpo sinto dez esperanças
A me colorir febriamente
E meu corpo pulsa
Está infectado de desesperança
Não sonha, nem crê
Apenas pesa todo ele
Mas em dado momento
O pensamento infectado torna-se febril
Quer queimar todo aquele peso que está nele
E aliviá-lo
Eis que sobre o corpo sinto dez esperanças
A me colorir febriamente
E meu corpo pulsa
3.2.14
Obscurecimentos do passado
É preciso transformar em mácula tudo que era amor
Depois que o amor passou
É preciso pôr em dúvida se era aquilo amor
Depois que o amor passou
É preciso responder-se que nunca fora amor
Aquilo que se pensava ser amor
É ilusório isso, mas é necessidade
Porque dói menos acreditar
que não existe amor onde antes já não existia
do que crer que o amor existiu
E passou.
Depois que o amor passou
É preciso pôr em dúvida se era aquilo amor
Depois que o amor passou
É preciso responder-se que nunca fora amor
Aquilo que se pensava ser amor
É ilusório isso, mas é necessidade
Porque dói menos acreditar
que não existe amor onde antes já não existia
do que crer que o amor existiu
E passou.
2.2.14
Cócegas no pensamento
Chegas assim tão es pa ça do,
Entre tantos intervalos de tempo
De não me ver
Me descompassando.
Mas meu olhar em fantasia
Te busca em intervalos de tempos tão
menores
Tão maiores são minhas visitações a ti
Sem receios de pensar-te e colher-te
Sem te arrancar do lugar de distâncias.
Mas dia-a-dia, arranco-me do meu lugar de distâncias,
Pra te cheirar
Entre tantos intervalos de tempo
De não me ver
Me descompassando.
Mas meu olhar em fantasia
Te busca em intervalos de tempos tão
menores
Tão maiores são minhas visitações a ti
Sem receios de pensar-te e colher-te
Sem te arrancar do lugar de distâncias.
Mas dia-a-dia, arranco-me do meu lugar de distâncias,
Pra te cheirar
1.2.14
Rima besta
Pus minha roupa mais aconchegante
Meus brincos de elefante
Meu patuá no colo
O pé no passo
Os amigos no abraço
Pra me proteger de ti:
Do teu bem e do teu mal
Valei-me!
Me valeu
Todo o ritual
Meus brincos de elefante
Meu patuá no colo
O pé no passo
Os amigos no abraço
Pra me proteger de ti:
Do teu bem e do teu mal
Valei-me!
Me valeu
Todo o ritual
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