22.8.11

Noites com sol

Dias azuis-ensolarados, dias mastigados, mordidos, infectados pelo bicho da arte, dias de sobre-humanidade, dias de sobriedade, dias de Lu(z)cidez. Dias em que, mordida, o cansaço não me cansava, só me alcançavam coisas altivas. Dias de noites enluaradas, aconchegantes e tão bem chegadas. Dias de "noites com Sol".

15.8.11

Roubadora de almas

Desculpem-me vocês, mas é graças ao ato de furtar que Sobre-vivo; graças às almas suas que, de grandes, permitem-me o furto sem que matéria roubada lhes faça falta. Como pedaços roubados de almas, alimento-me de gentes e, somente por isso, vou seguindo, vou tomando direções.



[Para Adriel]
Quanto ao livro, bem... precisávamos de um Nietzsche em cena, nada melhor do que roubar o seu - já que o roubo seria temporário - mas houve algo que não percebi: foi você, começou com você, você e os livros, você e as leituras, minha mais jovem influência, minha mais forte influência. Meu primeiro pedaço de alma roubei de ti.

8.8.11

À mulher criança, poeta e louca


Vai já pra dentro menino!
Vai já pra dentro estudar!
É sempre essa lengalenga
Quando o que eu quero é brincar...

Eu sei que aprendo nos livros,
Eu sei que aprendo no estudo,
Mas o mundo é variado
E eu preciso saber tudo!

Há tempo pra conhecer,
Há tempo pra explorar!
Basta os olhos abrir,
E com o ouvido escutar.

Aprende-se o tempo todo,
Dentro, fora, pelo avesso,
Começando pelo fim
Terminando no começo!

Se eu me fecho lá em casa,
Numa tarde de calor,
Como eu vou ver uma abelha
A catar pólen na flor?

Como eu vou saber da chuva
Se eu nunca me molhar?
Como eu vou sentir o sol,
Se eu nunca me queimar?

Como eu vou saber da terra,
Se eu nunca me sujar?
Como eu vou saber das gentes,
Sem aprender a gostar?

Quero ver com os meus olhos,
Quero a vida até o fundo,
Quero ter barros nos pés,
Eu quero aprender o mundo!


Pedro Bandeira




Quero sentir dor de boneca e saber seguir

Decripolou Totepou

Ela tinha os cabelos mais cheios do que jamais vira, e era a poesia mais leve. Se eu pudesse diria a ela: leve-me e ensine-me a ser leve assim, ensine-me sua poesia e seu mundo, ensina-me a ser palhaça assim, a ter dor de boneca e saber seguir... se eu pudesse, ia na tua malinha cabedora de tantas magias, se eu pudesse, mais algumas lágrimas e um abraço daquele todo dia.

"Não chore, a poesia sempre volta."
[À Odilia Nunes, criança, poeta e louca]